SEÇÕES

D e s a c i m e n t a r

por Geissy Reis


desacimentar; geissy reis

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Fotos e etnografia de uma antropologia visual compartilhada com Raisa Tenório[1]

Aqui, apresento o ensaio fotográfico compartilhado[2] Desacimentar – tema proposto por Raisa, a modelo das fotos e coautora do ensaio – e uma etnografia espontânea[3] deste mesmo processo. O ensaio se classifica como uma “foto-performance” em que Raisa, ao ser fotografada, não tem a pretensão de separar radicalmente sua atuação diante da câmera,  dos demais momentos de vida, inclusive cotidianos. Pretende, sim, através da estética fotográfica escolhida e valendo-se de elementos artístico-performáticos, tornar mais visível tanto seu habitus, quanto sua abjeção pelo concreto/cimento como “barreira” entre as pessoas, bem como entre estas e a “natureza”.

A estética/linguagem escolhida é considerada como etnográfica na medida em que “qualquer filme (fotografia), por mais ficcional (que seja), é um documento da vida contemporânea” (Weinburger, 1994 apud Ribeiro, 2007). Apresento, ainda, as imagens não como ilustrações a este texto verbal, mas como comunicações, em alguns sentidos, complementares – este texto às fotografias e vice e versa. Trago, também, as imagens mesmo como uma etnografia visual, ao não explicá-las por legendas. Afirmo o corpo na fotografia e a própria fotografia como linguagens que comunicam de forma não verbal. “Como espectador, eu só me interessava pela fotografia por ‘sentimento’; eu queria aprofundá-la, não como uma questão (um tema), mas como uma ferida: vejo, sinto, portanto, noto, olho e penso” (BARTHES, OC, V, p. 825 apud Fontanari, 2015). Deste modo, que as experiências de quem vê não sejam limitadas somente pelas nossas relações, minha e de Raisa, com as fotos, mas que, de duas, as histórias e relações se multipliquem em centenas. (Kiarostami, 2016). 



[1] 2017. Agradeço à Raisa pela disposição, pelas reflexões, e por esse tema do ensaio. Agradeço também a Mónica Franch pela disciplina de Antropologia da Saúde ofertada de um jeito Incrível. Agradeço ao Ricardo Peixoto por todos os estímulos na oficina de Fotografia expandida – estudo, pesquisa, experimentações e práticas no ensino da imagem. Sou grata também à Laiza Feirreira pelas conversas sobre antropologia compartilhada (ROUCH). 

[2] Ver antropologia compartilhada de Jean Rouch.

[3] Ver Pierre Bourdieu, O camponês e seu corpo.