No miro nunca la colmena solar,
los renegridos panales del crimen
de sus ojos,
los crisoles de saliva emponzoñada
de sus fauces.
Ni siquiera lo huelo,
para que no me mate.
Eduardo Lizalde
Me preocupa que haja um jaguar solto
diz Lizalde sem me olhar
digo o nome
e ele meneia uma das mãos
vira-se à janela
mas olha baixo
abaixo do para-peito sua esquiva
não quer ou dói o nome
Está aqui e está bem mais
diz levantando-se
espera à porta que eu diga algo
de costas voltasse o rosto
Ele já desfez a casa
e agora em seus vidros
diz coisas ao pasto
ao arame
aos pelos na cerca
Eduardo diz e parte
na calçada está mais em mim
e espera termos um mesmo pulso
os flamboyants os pés de manga queimados
rompemos o asfalto
chegamos ao pomar
Já não há laranjas
digo eu sei e ele, que a culpa é do jaguar
deve ter dito a elas sobre as caixas os tratores o pouco preço e se foram
sim e digo que, mas não digo
ele aponta e seguimos
não sei se suspeitamos
por segurança ou por capricho
para sairmos da cidade e se levaremos o jaguar tão moço
o bairro é tão o mesmo mas tudo nos diz chega
tudo nos diz volta
tudo está já dentro do diabo pintado
o jaguar nos engoliu o mapa
e nem sabemos se resistimos
certamente seguimos seus passos
o amamos em segredo