juntar joelhos
fumar as guimbas do outro
comer pedaços
de pão achados num lixo
o cabelo esfregado com o trapo preto
então torcer
as meias molhadas
aguardar a chuva
por detrás
da meia-parede
e deixar se perder o ônibus
poder se perderem as horas
e juntar joelhos
só tendo ali já
um fim da fome
zimzum
sem cessar numa sôfrega esfrega o farrapo que se faz vestes de borda marrom de terra
puiu
anda ainda e zanza assim
esta dança sem passos
toda só pés
qual arrasta-rastos na terra dos que partem
se se arrasta se arrasta zumbando o pó o chão
som não dos que seguem a morrer cansados
mas brincantes se vão vadios
é dito -
se o pé teu não zanza
não zumba nem dança
o pó da terra não roça
nem leva este chão
à passada de outro pisar
não há o que dizer
nenhum qualquer se vadia em ti
já os pés dos que passam - e é preciso passar - saem feito quem chega à festa