um quadro pode ficar anos sem cair
Os furacões não são do homem. Os furacões têm nomes. De mulher. Katrina, Sandy, Wilma, Patrícia, Irma. O objetivo ao utilizar nomes humanos a esses eventos é o de facilitar a compreensão do público. Números ou termos técnicos poderiam dificultar a transmissão da mensagem. Nomes comuns e simples facilitam a divulgação dos alertas, evitando, assim, confusões na população. O chefe do programa de ciclones tropicais na Organização Meteorológica Mundial atribui a nomeação de tempestades com nomes de mulheres aos militares americanos, durante a Segunda Guerra Mundial. Explica que eles preferiam escolher nomes de suas namoradas, esposas ou mães. O importante é ser um nome do qual as pessoas possam se lembrar e se identificar. Depois, passaram a nomear com nomes masculinos também. Mas os furacões femininos mataram quase 3 vezes mais que os masculinos. Os cientistas explicam que os furacões com nomes de mulheres tendem a ser menos levados a sério, como se representassem menos perigo, devido ao nome feminino. O primeiro furacão de nome feminino, e sem relação com santos católicos, foi o "Maria”. Maria é o meu primeiro nome. Eu sou uma voz aqui, diante de vocês, sem corpo. Os homens têm medo de mim. Todas essas mulheres me conhecem.
A maioria dos furacões que nascem perigosos no Atlântico morrem antes de atingir alguma superfície terrestre. Os furacões de categoria 5, a última e pior escala, não são frequentes e, apesar de serem destrutivos, são frágeis. Porque é necessário uma série de fatores ideais para que elas mantenham sua força.
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Sobre a autora:
maria isabel iorio (Rio de Janeiro, 1992) é poeta e artista visual. Formada em Letras pela PUC-Rio e pelo programa de Práticas Artisticas Contemporâneas da EAV - Parque Lage, em 2015. Publicou Em que pensaria quando estivesse fugindo, livro de poema e desenho pela Editora Urutau (São Paulo), em 2016. Em 2017, participou da mesa Poesia: páginas anônimas, na Casa da Cultura de Paraty, parte da programação da Flip. Dirigiu e escreveu a peça CAVAR UM BURACO NÃO VER O BURACO, que estreou em março/2018, no Galpão Ladeira das Artes. Pesquisa o cruzamento da imagem e da palavra a partir de algumas materialidades, além do corpo. Reúne alguma coisa aqui: https://mariaisabeliorio.myportfolio.com/