SEÇÕES

um quadro pode ficar anos sem cair

por Maria Isabel Iorio


um quadro pode ficar anos sem cair

Os furacões não são do homem. Os furacões têm nomes. De mulher. Katrina, Sandy, Wilma, Patrícia, Irma. O objetivo ao utilizar nomes humanos a esses eventos é o de facilitar a compreensão do público. Números ou termos técnicos poderiam dificultar a transmissão da mensagem. Nomes comuns e simples facilitam a divulgação dos alertas, evitando, assim, confusões na população. O chefe do programa de ciclones tropicais na Organização Meteorológica Mundial atribui a nomeação de tempestades com nomes de mulheres aos militares americanos, durante a Segunda Guerra Mundial. Explica que eles preferiam escolher nomes de suas namoradas, esposas ou mães. O importante é ser um nome do qual as pessoas possam se lembrar e se identificar. Depois, passaram a nomear com nomes masculinos também. Mas os furacões femininos mataram quase 3 vezes mais que os masculinos. Os cientistas explicam que os furacões com nomes de mulheres tendem a ser menos levados a sério, como se representassem menos perigo, devido ao nome feminino. O primeiro furacão de nome feminino, e sem relação com santos católicos, foi o "Maria”. Maria é o meu primeiro nome. Eu sou uma voz aqui, diante de vocês, sem corpo. Os homens têm medo de mim. Todas essas mulheres me conhecem.

A maioria dos furacões que nascem perigosos no Atlântico morrem antes de atingir alguma superfície terrestre. Os furacões de categoria 5, a última e pior escala, não são frequentes e, apesar de serem destrutivos, são frágeis. Porque é necessário uma série de fatores ideais para que elas mantenham sua força.

______________________________________
Sobre a autora:

maria isabel iorio (Rio de Janeiro, 1992) é poeta e artista visual. Formada em Letras pela PUC-Rio e pelo programa de Práticas Artisticas Contemporâneas da EAV - Parque Lage, em 2015. Publicou Em que pensaria quando estivesse fugindo, livro de poema e desenho pela Editora Urutau (São Paulo), em 2016. Em 2017, participou da mesa Poesia: páginas anônimas, na Casa da Cultura de Paraty, parte da programação da Flip. Dirigiu e escreveu a peça CAVAR UM BURACO NÃO VER O BURACO, que estreou em março/2018, no Galpão Ladeira das Artes. Pesquisa o cruzamento da imagem e da palavra a partir de algumas materialidades, além do corpo. Reúne alguma coisa aqui: https://mariaisabeliorio.myportfolio.com/