sem espora
cidades e cavalos são objetos sem dentes
é preciso montá-los
observar a curvatura das encostas e para onde vão
os meninos que carregam o animal.
a primeira vez que corri descalça tinha pés de princesa
foram anos de calos e a grama não disse a que veio,
voando sem rumo foram séculos.
ouvindo barulho do andar de cima
em construções abandonadas as escadas vão dar no porão onde acontece a festa
na cidade secreta em que morei seis meses pra aprender a andar
há essa ponte que se abre no meio pra grandes embarcações, é como
um quadril alargando ossos pra chegada de um filho
as torres solenes anunciam celebração
em silêncio.
é preciso vestir a música,
observar o batimento cardíaco no pulso imóvel e quanto dura cada carnaval
os dias não acabam se os cavalos correm no pasto e suas crinas inventam nomes
[para
novas cidades
que iremos habitar tão logo os pés estejam firmes no chão.
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Sobre a autora:
Tassyla Queiroga é uma escritora paraibana. Atualmente reside em São Paulo, mas a mala está sempre pronta. Já participou de alguns saraus e reúne poemas para a publicação do seu primeiro livro.