SEÇÕES

cipreste

por Carolina Pazos


cipreste

Te vejo correndo no descampado
sorrindo apontas os troncos lisos
uma alma maiúscula temos agora
                                                     Marcos
planta tropical de folha grande

Talvez fosse mais delicado o resto
desses versos que esqueci deitando
cabeça no teu esterno thinking about
clavículas de corrimão enquanto transpirava
rios de pétalas de jasmineiro

A mata Marcos talvez crescesse
teu corpo em mim como se fosse
aquele algodão escolar que usamos
para germinar sementes de feijão

fazendo um jardim na minha sala
alimentar tua família desconhecida
família das aráceas, tuas costelas no bafo
das noites mornas trançadas como vultos
das folhas da costela-de-adão na parede

________________________________________
Sobre a autora:

Carolina Pazos nasceu no Rio de Janeiro em 1988. É poeta, compositora, professora, mestre em estudos étnicos e africanos e doutoranda em história social da cultura. Desenvolve pesquisa estética e etnográfica em quilombos do sertão da Bahia. Atualmente reside em Petrópolis e canta na banda Casa de Marimbondo. Publicou alguns poemas nas revistas eletrônicas Subversa e Oceânica e nas antologias III Prêmio Literário Cidade Poesia (ASES) e Antologia Isoporzinho-Arrastão (Oficina Experimental de Poesia). A maior parte do seu material nunca foi publicado. Os poemas que acompanham esta edição da revista Garupa fazem parte do livro inédito (Mulher) correndo entre ciprestes.