Desde seu início, a garupa trabalhou em duas frentes: a digital e a impressa.
Tendo como princípio explorar as fronteiras entre o digital e o impresso, a garupa nasce querendo transbordar os muros acadêmicos das universidades e olhar para além dos limites editoriais. Nesses quase quatro anos de trajeto, a viagem sempre foi nosso ponto de partida. E diante do escuro que é o contemporâneo, queremos mesmo é andar na garupa da bicicleta, na carroça puxada a burro, nas ideias, carrinho de rolimã, pegar carona com um desconhecido numa estrada em Johanesburgo. Assim, se reinventar, sair dos tradicionais eixos literários do país, sair do país, experimentando novas poéticas e novas maneiras de lidar com o texto poético.
A revista se dedica às artes, mas principalmente à poesia. Sua linha editorial parte de uma noção de poesia expandida, onde manifestações normalmente categorizadas como outras artes – cinema, fotografia, escultura etc. – ou como outros gêneros literários – ensaios críticos, contos – são tomados como poesia. O método de construção das edições foi em parte apropriado de revistas acadêmicas, que, como nós, abrem chamadas abertas para o envio de materiais. Junto a esse processo, convidamos a cada edição um designer para criar um projeto gráfico que dialogue com conceito móvel da revista. Depois, discutimos sobre textos, fotos, vídeos e produções artísticas para, então, selecionarmos aqueles que formarão o fio condutor da nova linha editorial. Assim, o coletivo visa mapear a produção contemporânea da forma mais democrática possível.
Na forma impressa, a garupa é também um selo editorial dedicado à poesia contemporânea. Sua principal característica é uma constante tentativa de partir do texto para o projeto gráfico do livro, através de um desejo de isomorfia. As primeiras tiragens são limitadas e aparecem sob a assinatura de edições especiais, com finalizações manuais e materiais imprevistos. Nosso desejo de democratização do texto poético passa menos por uma postura ativista e mais por uma desmistificação do que hoje é o senso comum no país ao que diz respeito à poesia: algo inalcançável, reservado aos homens das letras. Um desejo político, mas também estético – afinal, toda política é estética.
Colaboradores
Julya Tavares é formadaem Letras pela UFF e defendeu a dissertação de mestrado "Modos de usar: uma vivência [e teste] da poesia de Marília Garcia", pela mesma instituição.
Tatiana Podlubny é designer e artista gráfica, formada em design pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Investiga a relação entre texto e imagem, trabalhando com design editorial e na produção de livros ilustrados. É coeditora do selo independente Fada inflada.
Frederico Klumb é um poeta, roteirista e artista visual brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, em 1990. Cursou Cinema na PUC-RJ e publicou poemas em revistas especializadas, nacionais e estrangeiras, a exemplo de Modo de Usar & Co, Escamandro, Garupa e a americana Dusie.
Integra a Oficina Experimental de Poesia, coletivo artístico-cultural hoje organizado com o apoio físico e financeiro do Centro Cultural Municipal João Nogueira, no Méier.
Em 2016, publicou o volume Almanaque Rebolado (Azougue / Cozinha experimental / Edições Garupa), um guia artístico-pedagógico para criação poética, escrito a vinte mãos e fruto de residência no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica (CMAHO).
Em 2017 publicou Arena (coleção megamini / 7letras) e teve seu curta-metragem Agharta selecionado e exibido em diversos festivais nacionais e internacionais de cinema. No segundo semestre, juntamente a Oficina Experimental de Poesia, coordenou residência artística no Polo Avançado de Cultura Contemporânea (PACC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Também nesse ano, participou da antologia Golpe: manifesto (Nosotros editorial), livro de conteúdo plural, do qual participam artistas com trajetórias reconhecidas em suas áreas e advindos de campos artísticos diversos.
Em 2018 um livro de poemas está confirmado: máquinas mancas da manhã (no prelo pela Edições Garupa).
Amanda Cinelli já não difere sua memória digital da biológica. Designer sem formação na garupa, é graduada em letras pela uerj e quase-graduada em Estudos de Mídia pela UFF; Agora, faz master profissional em Branding no IED-Rio.
Daniel Dargains, editor da garupa; dorme com as pernas cruzadas.
Juliana Travassos cursa mestrado em Teoria Literária na UFF, onde investiga a inespecificidade nas formas poéticas contemporâneas. É editora no selo independente edições garupa desde 2016; dois anos antes havia começado a coeditar esta revista.