Por ‘inestética’ entendo uma relação da filosofia com a arte, que, colocando que a arte é, por si mesma, produtora de verdades, não pretende de maneira alguma torná-la, para a filosofia, um objeto seu. Contra a especulação estética, a inestética descreve os efeitos estritamente intrafilosóficos produzidos pela existência independente de algumas obras de arte.
Alain Badiou, abril de 1998
Alain Badiou pensa a arte através da inestética, com o propósito de deslocar a arte desse lugar de imagem esvaziada e enquadrada. Arte é fabulação, criação, pensamento filosófico, posição e composição política. O pensamento artístico é elemento essencial para produção intelectual humana. Neste pequeno manual, Badiou estabelece uma relação incomum entre a obra de arte e o conceito de verdade. Ele postula o pensamento artístico como motor produtor de verdades, retirando deste conceito (a verdade) o seu caráter definitivo, dogmático. A arte não é um dado. Nesse sentido, os produtos artísticos se retiram do lugar comum e se colocam sobre uma corda bamba, numa espécie de jogo sem a possibilidade, e tampouco a necessidade, de vencedor ou perdedor. A singularidade de cada obra de arte é para Badiou também um novo começo, por isso ele cria questões sobre as diversas formas de produção artística, as quais constam, alguns, no nome dos capítulos: “O que é um poema, e o que pensa dele a filosofia”, “A dança como metáfora do pensamento”, “Tese sobre o Teatro”, “Os falsos movimentos do cinema”.
Alain Badiou é filósofo, crítico e professor emérito da École Normale Supérieure de Paris. Publicou em 1998 o livro Pequeno Manual de Inestética, traduzido e publicado no Brasil pela editora Estação Liberdade.