Apenas retenho, num vão de voz,
o calor
— invertebrado — que nos rememora:
sem
deter seus resíduos;
retenho — porque repelir
seria
uma forma de reduplicar —
o calor
que nos rememora, irradiando
miasmas
de outro diafragma:
mesmo aqui, temo a urgência
do gesto
a que retorno, no entanto,
com exaustiva,
inconveniente exatidão;
apesar de ter devolvido
à dor
os sedimentos de uma minuciosa anemia,
permaneço
entre os ruídos
do nosso rejuvenescimento:
não distante
das perguntas
— ainda irascíveis — que o tempo,
quando
desatento, recrudesce:
como
parte da noite — do bulbo da noite —
cujas
toxinas ativam
— desequilibrando —
a potência
(hoje inaudível)
do
estupor
(é paciente o seu desprezo):
enquanto o delírio
às
vezes desperdiçado
num
sinuoso
— talvez sísmico —
organismo
remove os objetos
das áreas — nodosas —
por
onde se alastra
— numa luta úmida: a pele
crepita
tensionada sob os nomes
expelidos — por disparos —
em
obediência a um medo
alheio
ao risco de reaver os rastros
que
restauram a angústia;
os rastros
que subsistem — depois de refundidos,
depois
de regenerados —
em fissuras abruptas:
assim
se encontrará — durante o deslocamento —
um modo de manter
o corpo
no mar, cobrindo ogivas: válvulas:
úteros
não mais inativos:
a fuselagem da vigília
— antes recuperada,
agora rediviva — conserva
a carência (a instabilidade
da
carência) que nos intensifica:
numa
inusitada
experiência articulatória:
inserir um espaço
de
raptos no silêncio
das sílabas
que o cansaço
enfim cadencia?