porque é preciso
exercitar a violência
que só uma ideia incorpórea
imprime
ao corpo
-- ricochete que vai de trás
para a frente
em mar aberto, ferida
que espuma pela boca sal
e gritos e gritos e gritos
no fundo, a vida depende
da coragem de arrancar
um sorriso tímido dos astros
com um pé de cabra
investigando a malha beligerante
na marra:
qual era mesmo o teu formato?
qual a velocidade com que
crescem os ossos?
onde ficou aquela que partiu
antes, antes de todos?
[que partam todos os raios
que partam todos
e que ainda assim eu fique
que eu fique - só e inteiriça
que seja pernas ou rabo ou nado
inspire respire amém ]
para descobrir tarde demais que
a coisa mais triste do mundo
é a pele
que a coisa mais triste do mundo
não deixa sequer cicatriz