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um poema

por Fernanda Boaventura


Uma mulher toca na pedra. É uma mulher gigante.
Seus dedos vestem anéis.
Suas tranças negras são estátuas nuas.
Ela pensa no castelo.
No salão, há uma porca de prata do tamanho de um soldado.
Em seu estômago, há fantasmas dos homens que conjuram feitiços em batalha.
Urtiga cresce sobre as espadas da mulher gigante,
seu heroísmo é leite nas tetas da porca de prata,
doce como uma aldeia.
A seus pés, os peixes tornam-se verões. É o mês dos suicídios.
Cordeiros descem de suas mãos para o triunfo de uma árvore morta.
Abatem-se elefantes para a manutenção dos milênios e ela tem mirra em seus lábios de
entoar hinos.
Suas palavras intocadas de mulher são um armistício ao sol a pino.
A mão invariavelmente fechada sobre a sétima concha.