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dois poemas

por Jonatas Onofre


pra dizer que deus

Não à maldição dos
violoncelos,

a todos os lugares
em que estive e o mundo
desconheceu

ou a você perdendo-se
demais
em qualquer goodbye

que eu não, eu

nunca,

falei.

olhe nos meus dedos,
qualquer
parte mais imunda e muda
de mim

e jamais, jamais
pense enquanto vou
falhando,

tristesse
ma non tropeço
nem quando chove
ou é muito
tarde

o azul despe as nuvens
de minha camisa
enquanto não
tenho
um escuro onde soletrar
teu nome, teu
rosto

mesmo, agora
meu avesso
avariado
começa a virar areia,

e no fundo você
não quer que eu me defenda
ou que descubra uma
maneira
de negacear
sem fender o rosto que
nem
existiu, no entanto

eu só sei calar,
sim
nem que seja assim
num caminho que sequer
risca no teu
pra dizer que deus

(cabeça de homem
é encontrada
na br 232)

me vê

***

mil vigas em los ojos de dios

para dibujar una lágrima,
uma prece por dedos
mais velozes,

para o exercício
minucioso de arrancar
os grãos

do feijão-de-corda,

que é o mesmo gesto
de tecer
sem íris, sem pupila
sem cristalino
el ojo, que não se
revela,

de dios, em suas
maneiras
más
tão nuestras
Hermanas
her-
míticas
cirrose-hepáticas
e ironicamente sempi-
tímidas

mil vigas

e nenhum plano para salvá-lo