criado em 2014 no Rio de Janeiro, a garupa atua de modo independente em frentes editoriais da literatura e arte. integrado por moradores das zonas norte e oeste, o coletivo editorial enfrenta diariamente os obstáculos urbanos de uma cidade partida. em busca de dar visibilidade a autores e produtores de arte e literatura contemporâneas, criamos no nosso caminho uma revista semestral e digital [revistagarupa.com], que publica poesia, textos críticos, entrevistas e produções audiovisuais, e o selo edições garupa destinado à poesia contemporânea.
em nosso método horizontal de trabalho, contamos hoje com seis colaboradores fixos, e muitos outros ocasionais, que buscam democratizar a literatura e ir além do próprio livro, expandindo as fronteiras de suas publicações em livros que propõem uma relação performática entre o autor e texto, além de eventos que celebram nossas realizações.
você pode saber mais sobre os projetos do coletivo em nossas contas de facebook e instagram.
atualmente, a garupa é: amanda cinelli, daniel dargains, juliana travassos.
edições garupa
tiráspola, ana kiffer
ana kiffer é professora associada da puc-rio. entre suas pesquisas, fuça os limiares ou as passagens entre os traços poéticos e o plástico; e as relações entre os corpos e a escrita. Autora dos livros A punhalada (7Letras, coleção Megamini), e das coletâneas Sobre o Corpo (7Letras, 2016) e Expansões Contemporâneas - Literatura e outras Formas (UFMG, 2014) entre outros artigos e ensaios, Tiráspola é seu primeiro livro de poesia. Em um projeto ousado, a capa em acetato revela desenhos únicos de linhas que trazem um relevo único ao mesmo papel pólen onde estão impressas as duras palavras de quem escreve sobre o amor e o golpe. quero dizer, o amor é o golpe. não! o amor e ´ o golpe... Percebemos então que a quarta-capa de tiráspola é inexistente, e descobrimos desaparecimentos, um novo livro. Na capa, um labirinto que desvanece entre os traços mais sólidos direcionam, novamente, os caminhos das linhas de lã. Dividido em 3 partes, desaparecimentos é sobre a descoberta de si como um ser apagado pela sociedade em um corpo que envelhece até findar e a memória desaparecer como um sobrevivente.
herói de atari, leonardo marona
em seu quarto livro de poesia, Leonardo Marona inventa a trajetória de um herói pixelado, paupérrimo, pele pouca e punho forte, diante dos golpes de Estado e das grandes cidades. Um herói que é também meu, nosso, porque faz o corpo de símbolo e arma nessa guerra entre nós e os homens de terno – estes também vestidos com suas armaduras engravatadas. Apesar de não trazer subtítulos, ilustrações de alexander rodchenko dividem o livro em três partes: na primeira, há a apresentação do herói, que toma banho e apara os pelos do nariz porque vai ao matadouro; ou que observa as pombas sujas e alegres depois do temporal e transforma em um novo mantra o desejo de também ser sujo e alegre depois dos temporais. Já na segunda, questões atualíssimas são discutidas, como as manifestações verde-amarelas e a semelhança dos nossos tempos com outros, que o país já enfrentou. A terceira parte do livro, por sua vez, traz uma resignação inteligente, não desistente, mas povoada de vozes: um pedido de ajuda à mãe já falecida, uma música do charly garcía, um poema azul para paul celan. Nela, fica claro que não há uma saída para o desmoronamento dessa figura [que nunca foi] heroica, mas que o que o autor nos sugere são possíveis saídas diante de uma persistente crise – uma crise constitutiva.
Não à toa, o projeto gráfico do livro mescla referências modernas – o construtivismo russo, a ficção científica oitocentista – à contemporâneas – seu tamanho é proporcional ao da fita de Atari, e a coloração manual dos cortes do livro intensifica essa semelhança; ou ainda, a cidade hiperpovoada contemporânea que invade a figura masculina na capa. Na revolta dos poemas, revolta-dez-horas-de-trabalho-merda-por-dia, revolta-falta-de-visceralidade-nos-seus-contemporâneos, está a jovialidade de Leonardo Marona. Jovialidade que falta aos mais jovens que ele e que prova olhos atentos aos vultos do nosso tempo.
o martelo, de adelaide ivánova - compre aqui
a edição brasileira do livro, lançado pela primeira vez em 2015 pela Douda Correria de Portugal, possui quatro poemas inéditos e um projeto gráfico que respeita o que há de mais demarcado na poesia da autora: é impossível ler e não se sujar. O livro que, aparentemente, tem um formato padrão, surpreende o leitor com uma fina camada de tinta vermelha que cobre a capa e suja suavemente as mãos de quem o encosta. deixando rastros por onde passam os dedos, a publicação é um convite à catarse. dividido em duas partes, o livro se destaca da atual poesia brasileira ao assumir uma voz verdadeiramente feroz e não temer tratar assuntos cortantes. nas palavras de Carol Almeida, autora do posfácio: “é chegada a hora de soltar o verbo e o gozo de dizer o que precisa ser dito do jeito que precisa ser dito, ou de como estupro é estupro, trepada é trepada e literatura é sentir na pele o peso das palavras.”
parvo orifício, de catarina lins - compre aqui.
Catarina Lins nasceu em Florianópolis em 1990. é formada em Letras pela PUC-RJ e atualmente cursa mestrado na mesma instituição. “Parvo Orifício” é seu livro de estreia, mas anteriormente já havia publicado a plaqueta “Músculo” na coleção megamini da editora 7letras. com prefácio de Paulo Henriques Britto e ilustrações de Maria Faoro, “Parvo Orifício” foi todo confeccionado manualmente e conta com folhas de papel vegetal em sua composição. Nele, a autora investiga minúcias do cotidiano ou do mundo maior, mesclando a isso insights como “não se dirige portão adentro / no colo dos pais / para sempre”.
o limite da navalha, de ítalo diblasi - compre aqui
este é o primeiro livro de Italo Diblasi, poeta que assume um tom confessional em suas críticas à sociedade contemporânea e faz uso de uma certa primeira pessoa na maior parte dos poemas. "certa primeira pessoa" porque o 'eu' do livro é um 'eu' expandido, meio híbrido, é um eu-todo-mundo, um eu-de-hoje, como em Piva, como em Pasolini. em "o limite da navalha", cada capa é única e reflete nos cacos o rosto do leitor [numa tentativa de questionar os papéis que a tríplice autor-livro-leitor estabelece tradicionalmente para suas partes]. "É uma voz que se equilibra no fio da navalha entre o niilismo e a busca de alguma esperança. É uma voz que traz em si um imenso desejo de radical transformação das coisas. italo é uma demonstração da vitalidade e da potência da poesia contemporânea." diz sérgio cohn, da azougue editorial.
caderno de segunda mãe, de guilherme conde - compre aqui
lançado em 2015, "caderno de segunda mãe", de Guilherme Conde, é um livro-objeto composto por um pendrive em uma garrafa. em seu conteúdo, 3 pastas: um pdf de poesias, um álbum e 3 vídeos - tudo desenvolvido pelo artista. o livro-arquivo do poeta remete ao vazio e à vastidão do oceano, hoje cibernético, e a desesperançosa mensagem boiando. a mensagem na garrafa. o pen drive na garrafa. a pirataria – poética, virtual – calculada. o conceito é a rede de informações. Há um segredo contido em algo muito pequeno; alguma poesia pós-internética que quer comunicar através de suas referências.
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