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dois poemas

por Guilherme Gonçalves


dos grãos
                                                                        para Zacca

um café para refazer-nos
de tanta quilometragem de tempo
meia colher de açúcar
sendo isto a sequência
ao que está posto
palavra em borra 
louça que não junto
cascas vencidas
o dito pelo

talvez

um rosto vire a porta
em poeira
ou
em poeira
dissolva-me
a brecha de luz
como se faz ao perdoar
balé de partículas
incoreografáveis
piruetas da vida mínima
em plano-sequência
deixando a sala
cheiro dos grãos
que o mistério transpassa coleiras
e sobre sete mortes, mudo
mira da janela.

 

 

- 

outono
alforria de folhas
pés e frutos
precipitados

quarteirões folhas
     peixes
            defuntos
                      em folha          

as suaves
sugam lábios
            roxamente                                
vinhos
          cus
e entalam privadas

outono
peles em flor-             
ação temporã
de minar a seco
ao vento
em que mãos acenam 
                       e aceleram
para trás

o possível
livro     
parto

                        lixo de rascunhos       

                                                          branco- 
breu