material: palavras e imagens do Antropofagias de Herberto Helder.
regra: fluxo, fluxos.
1
escrever os sentidos em palavras autônomas e impensadas, além de sentir-se
fluxo, ao cinema das palavras o nosso ato :: a direção :: feita das vísceras às
cascas de casas.
2
os nascimentos; as antropofagias; as artérias são todo o plus sobre o pavor dos
ossos e do Tempo; os mapas e as lacunas que nos libertam entre escutas e
escritas – assim vamos planos, vamos de novo a ver o pôr do sol.
3
:: o que acontece ao ar é uma dança :: fluídica, das cores se enlaçando aos pés
humanos uma descoberta dos ares é quando se dança pés coração e costas o
chão desaba, o céu >descobre< uma :: dança fluídica dos ventos::
4
o mapa dos corpos contorna os pulsos dos sonhos, as sombras >o arfante< do
instante move relevos cartográficos eras grutas mineiras de infiltração
sonolentas nervuras vivas de um qualquer sideral :: fotografia :: da gravidade é
sorriso tátil no mapa que se lê >papel< e depressões crepitantes ainda frias de
quaisquer escarpas – bastada de olhos – trêmulos olhos todo um dia corpo todo
uma noite nos desvios do mapa.
5
apenas o que se expressasse :: cavalos :: tintas cruas moviam-se eriçadas ::
crinas negras cruas :: há aí uma brutalidade de pensamentos coisa frutífera
como memórias de se >queimar fogueira< apenas o largo grande ritmo de
madeiras no silêncio que se beijavam ameixas
6
de estar a ser energia: a energia dos lábios a cantar mazelas :: imagens :: de
crianças como náufragas, é como a sabedoria oriental pelas avessas – cantar à
boca dos miolos de avencas a energia espia os heterônimos das ruas escaldadas
pelo sono de arcanjos a cantar-se mar >e não se vai adiante sem submersos
veleiros< de tudo a tudo, de nada a nada é de se estar estarrecido, estar-se
a energia :: a ser areia ::